Extraída do fruto, a pectina é uma fibra dietética solúvel e um componente natural presente em todas as plantas.

Esta substância é encontrada em diversos alimentos vegetais, especialmente em frutos, com maior concentração na casca e nas sementes. Maçãs e citrinos são exemplos de frutas particularmente ricas em pectina. Quanto mais firme e espessa for a pele da fruta, maior será o teor de pectina. Em contraste, frutas com carne macia, como morangos ou mangas, possuem menor quantidade de pectina. Composta por hidratos de carbono de cadeia longa, a pectina desempenha um papel importante na regulação do equilíbrio hídrico e na estabilização das paredes celulares em frutos e plantas.

Quando a pectina entra em contato com água, açúcar e ácido (como o ácido presente nas frutas), ela forma um gel sólido. Esta propriedade é aproveitada na produção de alimentos para atingir a consistência desejada em produtos como geleias e pastilhas de fruta. Pertencendo ao grupo dos aditivos, as pectinas são classificadas como gelificantes sob o código E 440.

Para obter a pectina, utiliza-se o bagaço de maçã seco, que é o resíduo formado por polpa, casca e sementes, após a prensagem das maçãs para produzir sumo. Além disso, a pectina pode também ser extraída das cascas de citrinos, garantindo um aproveitamento adequado dos resíduos. O bagaço é primeiramente seco, e a pectina é depois dissolvida com o auxílio de água. A extracção por ultra-sons representa um método suave e não térmico, que também é empregado para a produção de pectina de maçã.

Em contraste, a gelatina, que atua como agente gelificante, é obtida a partir do tecido conjuntivo de várias espécies de animais. Muitos alimentos convencionais, como gomas de fruta, utilizam gelatina não-vegana para esse fim! Portanto, essa gelatina não é vegana.

A pectina, sendo um agente gelificante vegetal, é uma alternativa vegana para muitos consumidores.

Na indústria alimentar, a pectina de maçã é valorizada como um substituto vegetal para a gelatina, ajudando a proporcionar a consistência ideal em geleias, compotas, marmeladas, produtos lácteos e refrigerantes. Além disso, a pectina é também empregada em alternativas veganas a salsichas e em diversos produtos farmacêuticos.

A pectina extraída das maçãs é especialmente usada na confecção de produtos cozidos. Devido à sua segurança e não toxicidade, a pectina de fibra alimentar é permitida na produção de produtos orgânicos.

Considerando um sentido mais amplo, a pectina de maçã é uma fibra dietética que também afeta nossos intestinos.

As fibras dietéticas solúveis, como a inulina prebiótica, servem como alimento para as boas bactérias intestinais. Quando o microbioma (a comunidade de bactérias) é saudável e robusto, sentimos bem-estar porque o organismo funciona adequadamente. Os prebióticos permitem a regulação dos movimentos intestinais. Para tratar a diarreia, a pectina de fibra alimentar é eficaz, similar ao conhecido remédio caseiro de maçã ralada.

No intestino, a pectina de maçã cria uma camada protetora semelhante a um gel na mucosa intestinal, o que permite a ligação e excreção de toxinas, além de reduzir as chances de agentes patogênicos causarem diarreia.

As fibras dietéticas hidrossolúveis presentes na pectina de maçã podem diminuir os níveis de colesterol. Distúrbios lipídicos, também conhecidos como hipercolesterolemia, estão associados a níveis elevados de colesterol. Quando o colesterol é excessivo, há a formação de depósitos nas artérias.

Esses depósitos podem obstruir o fluxo sanguíneo, podendo levar a bloqueios completos, uma condição conhecida como endurecimento das artérias, que eleva o risco de ataque cardíaco ou AVC.

A pectina mostra-se eficaz na redução do colesterol. Diversos estudos comprovam esta propriedade. Ingerir diariamente 75 gramas de maçãs secas pode reduzir os níveis de colesterol em cerca de 25 por cento.

Adicionalmente, as pectinas têm a habilidade de ligar o ácido biliar, que é eliminado pelo sistema digestivo. O ácido biliar é essencial para a digestão das gorduras, e sua excreção leva o corpo a necessitar de novo ácido biliar ou colesterol.

Com isso, o nível de gordura no sangue diminui, pois o "excedente" é utilizado pelo corpo. Outra vantagem é a pectina fermentada no intestino por bactérias, gerando ácidos gordos de cadeia curta, os quais inibem a formação de novo colesterol no fígado.

Pectinas possuem um efeito positivo sobre o metabolismo das gorduras, o sistema nervoso, o metabolismo do açúcar e o sistema imunológico. Estudos recentes também indicam que uma flora intestinal saudável e bem nutrida pode influenciar nosso humor e cérebro.

Elas formam os blocos de construção de neurotransmissores como a dopamina, serotonina e GABA. GABA, um aminoácido não proteogênico e importante neurotransmissor, é formado no pâncreas e no cérebro.

Cerca de 100 milhões de células nervosas localizam-se no nosso abdómen, formando o sistema nervoso entérico. Este sistema envia sinais para o cérebro e recebe respostas de volta através do nervo vago.

Ao retardar o esvaziamento do estômago, a pectina nos faz sentir cheios por mais tempo, reduzindo a probabilidade de desejos alimentares. Como a pectina de fibra alimentar inibe a digestão de gordura, ela aumenta a eliminação de gordura e pode ser benéfica para a perda de peso. Estudos da Universidade do Condado de Los Angeles e do Exército dos EUA indicam que a pectina não apresenta efeitos nocivos.

Em contraste, a pectina não tem os efeitos colaterais negativos que muitos produtos convencionais de perda de peso possuem. Além disso, ela regula os níveis de colesterol, a pressão arterial e desintoxica a flora intestinal. Contudo, ao tentar perder peso, não se deve confiar apenas na pectina de maçã. Sozinha, ela não levará ao peso desejado, mas pode ser uma aliada. Uma dieta saudável, bastante exercício e uma ingestão de calorias adequada são outras medidas importantes para uma perda de peso saudável.

As fibras dietéticas podem retardar a absorção de substâncias ativas em minerais, medicamentos e vitaminas. Isso é particularmente relevante para medicamentos que reduzam o colesterol, glicosídeos cardíacos, a hormona da tireoide L-tiroxina e especialmente analgésicos. Deve-se manter um intervalo de 2 horas entre a ingestão desses medicamentos e a pectina de maçã, caso seja necessário tomá-los. Como com todas as fibras dietéticas, é especialmente importante assegurar a ingestão adequada de líquidos ao longo do dia ao tomar pectina.

Em comparação a gelatina de origem animal, a pectina como agente gelificante vegetal é uma alternativa mais ecológica, sustentável e sem componentes animais. Os resíduos de produção de origem vegetal, como o bagaço de maçã, são reutilizados de forma eficaz na produção de pectina, contribuindo para a sustentabilidade no campo dos agentes gelificantes vegetais.

O açúcar de compota pronto para uso frequentemente contém conservantes, óleo de palma e uma quantidade excessiva de açúcar.

As florestas tropicais são continuamente desmatadas para a criação de plantações de óleo de palma, devido ao alto consumo desse óleo pelos consumidores. Portanto, é importante limitar o uso do óleo de palma onde for possível, para proteger as florestas tropicais. O açúcar gelificante não necessita de óleo de palma, e assim, faz mais sentido utilizar pectina de maçã.